Arquivo do dia: 25/11/2012

Bento aos novos cardeais: “Fidelidade até o sangue”

Por Tiago Silva

Com dois consistórios em menos de um ano, Bento XVI causa estranheza a tradição ao não eleger nenhum europeo e, nem mesmo um italiano, para vestir as vestes cardinalícias. Deste modo, Ratzinger foge a regra que nos últimos 85 anos, 6 pontificados, sempre elegeu-se ao menos um italiano. O Papa, com este consistório, cria seis novos cardeais, chega a 90 por ele instituidos, e completa a lista dos 120 votantes em um possível conclave.

Ainda que sem brasileiros na lista, e apenas um latino-americano, os novos purpurados mostram a diversidade e a pluralidade da Igreja. Dom JAMES MICHAEL HARVEY, Prefeito da Casa Pontifícia, Arcipreste da Basílica Papal de São Paulo fora dos Muros; BÉCHARA BOUTROS RAÏ, Patriarca de Antioquia dos Maronitas(Líbano); BASELIOS CLEEMIS THOTTUNKAL,

Arcebispo-Mor de Trivandrum dos Sírio-Malancares (Índia); don JOHN OLORUNFEMI ONAIYEKAN, Arcebispo de Abuja (Nigéria); don  RUBÉN SALAZAR GÓMEZ, Arcebispo de Bogotá (Colômbia) e don LUIS ANTONIO TAGLE, Arcebispo de Manila (Filipinas) de apenas 55 anos.

Em sua homilia o Papa recordou que a diversidade dos cardeais  representa a “universalidade da Igreja, mostrando que ela é Igreja de todos, fala todas as línguas, é Igreja de Pentecostes, não Igreja de um continente” e acrescentou: “A Igreja é cattolica porque possui uma missão universal”. 

O pontífice não economizou palavras ao recordar aos “príncipes da Igreja” a importância da fidelidade e da humildade: “Ser discípulo de Jesus significa não deixar-se encantar pela logica mundana de porder“. E, recordando a cor vermelha da vestes cardinalícias, enfatizou que os novos cardeais devem recordar-se sempre de estar “prontos a comportar-se com firmeza, até a efusão do sangue“. Deste modo, Bento traz para o primeiro plano o discipulado e o testemunho ante as possíveis tentações que os títulos podem portar àqueles que se tornam seus principais conselheiros e possíveis sucessores do primado de Pedro.

No quinto consistório de seu pontificado, acredita-se que o discurso de Bento XVI vá além dos novos cardeais, buscando eco naqueles que já exercem alguma função dentro da hierarquia eclesiástica e, ainda, fortalecer a importância do testemunho neste Ano da Fé, como ponto fundamental da discussão sobre a Nova Evangelização.