PUC-SP Alguém poderia dizer qual é o problema?

Alunos protestam contra nomeação da nova reitoria

Motivados pela nomeação da nova reitora, estudantes e professores da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) decretam greve. Comentários não tardam a vir e, como de costume, apontar culpados. Quem é o da vez? Cardeal arcebispo de São Paulo dom Odilo Pedro Scherer. Acusação? Medidas antidemocráticas que remontam ao regime militar.

Vamos lá! Em primeiro lugar vale a pena recordar que PUC significa nada mais, nada menos que Pontifícia Universidade Católica, ou seja, uma instituição privada (não pública), de princípio institucional cristão-católico. Como prevê o estatuto, seu grão chanceler é o arcebispo de São Paulo. Este último, por sinal, prevê ainda que o mesmo chanceler possua o direito de escolher dentre os três nomes mais votadas da eleição, como descrito no ato de nomeação. 

Ao ler a notícia confesso que fiquei meio sem compreender o estava acontecendo.  Qual o sentido da reivindicação? Sejam os alunos, quanto os professores, estão cientes ao inscreverem-se para estudar ou lecionar que a universidade é confessional, como afirma em sua missão, ou seja, de orientar-se, fundamentalmente, pelos princípios da doutrina católica. Aqui caberia a pergunta ao reivindicantes: Você conhece a instituição que estuda (leciona)? Qual sua missão e seus princípios?

Como principal expoente da luta contra o regime militar, não convêm debruçar-se sobre tal afirmação que além de incoerente, porta consigo o intuito de re-despertar nos jovens aquele já saudoso movimento estudantil das década de 80 e 90 que, quando orientados para a verdade e o bem, tornavam-se um importante instrumento da força popular juvenil digna de aplausos.

Neste caso, entretanto, coloco-me a questionar quais razões teriam estes jovens para protestar? Segue razões apresentadas à folha.com:

Um estudante de jornalismo de 23 anos, que pediu para não ter o nome divulgado, disse querer “que o resultado da eleição seja respeitado”, embora ele não tenha votado em nenhum candidato.

“Dirceu Mello não tem aprovação unânime, mas pelo menos teremos como fazer cobranças à gestão dele, porque será uma gestão legítima”, afirmou uma aluna do curso de direito, de 21 anos, que também não quis ser identificada.

Para Marcelo Figueiredo, diretor da Faculdade de Direito -uma das primeiras a aderir à greve, antes das assembleias da noite-, “o cardeal desconsiderou a vontade da comunidade” e houve “quebra do princípio democrático na universidade”.

Das “razões” expostas nenhuma justifica-se, pois o cardeal seguiu o regulamento conforme  esposto acima. Entretanto, o que me vem a mente são questões tais como: Quais as razões que levaram o cardeal a não escolher dentre os dois primeiros colocados? Seriam eles, no momento, as pessoas mais indicadas para o cargo? Nos últimos anos 

teriam eles manifestado-se contra algum princípio institucional? 

Como em qualquer instituição do planeta a PUC-SP não está isenta de mudanças que, quando ponderadas e justificadas, são o caminho para sobrevivência, manter sua missão e identidade, e acompanhar as rápidas transformações da sociedade. Em um momento de mudanças, de transformações éticas, econômicas e sociais, todos podem optar por mudar, mas quando a mudança parte de qualquer instituição de profissão cristã-católica trata-se de “retorno a idade média”, regime anti-democrático, etc… Onde estão os verdadeiros argumentos? Continuo a questionar-me… 

Como a missão do universo acadêmico é formar pensadores, espera-se que este episódio contribua para despertar argumentos mais coerentes e consistentes. Que ao reivindicar “direitos”, eles ao menos possam existir. Entretanto, se a manifestação for motivada por “desejos” pessoais ou de determinados grupos, pode-se iniciar um diálogo sem falsas acusações que, ao invés de distanciar, possui a virtude de aproxima um dos outros e, consequentemente, da verdade.

Tiago Silva

Em seu comentário pode ser utilizado seu perfil do Facebook, Twitter ou Wordpress.